Muitos pacientes, após serem diagnosticados com diabetes mellitus tipo 2, sempre perguntam se há algo que possa ser feito para controlar a doença ou normalizar seus níveis de glicemia, sem o uso de medicamentos.
Cada vez mais estudos científicos têm sido feitos para responder esta questão. Em junho deste ano, um desses estudos foi publicado no jornal The Lancet e traz algumas pontos importantes.
O estudo avaliou pacientes jovens (18 a 50 anos), de ambos os sexos (embora mais de 70% fossem homens), com sobrepeso ou obesidade e que tivessem diabetes tipo 2 há menos de 03 anos.
Foi proposta uma intervenção intensiva do estilo de vida composta por:
– dieta com substituição de refeições por 12 semanas, com uma fase posterior de reintrodução alimentar; E
– programa de atividade física;
O estudo mostrou resultados promissores, comparado a quem recebeu o tratamento convencional para diabetes.
Após 01 ano, houve:
– perda média de peso no grupo intensivo de 11,98kg, comparado a 3,98kg do grupo controle. Importante ressaltar que houve preservação de massa magra no processo de perda de peso;
– remissão do diabetes sem medicamentos (hemoglobina glicada abaixo de 6,5% por pelo menos 03 meses sem medicação) ocorreu em 61% dos pacientes do grupo intervenção, comparado a 12% do controle;
– normalização da glicemia sem medicamentos (hemoglobina glicada abaixo de 5,7% por pelo menos 03 meses sem medicação) ocorreu em 33% do grupo intervenção, comparado a 4% do grupo controle.
Além disso, o grupo que foi submetido a intervenção apresentou os seguintes resultados:
– 71,4% mantiveram pressão arterial normal sem medicamentos;
– 26% precisaram continuar medicação para colesterol alto, comparado a 76% do grupo controle.
– melhora da qualidade de vida.
** Importante destacar que esses resultados foram observados por 01 ano. Então, NÃO podemos afirmar que isso se manterá.
No entanto, em um estudo semelhante (DiRECT Study) no Reino Unido, após 03 anos, um terço dos participantes mantinha o diabetes em remissão. Foi visto que o reganho de peso contribuiu para piora do controle glicêmico.
Fonte: Lancet Diabetes Endocrinol. 2020 Jun;8(6):477-489
Luiz Fellipe Viola
Endocrinologia – CRM-MT 10602 – RQE 5040